O que tem o vinho

O que tem o vinho

por Eduardo Bassetti

Neste espaço, o vinho é o sujeito principal. Desde a história, até as técnicas atuais de elaboração, os temas aqui tratados passam pelo plantio das uvas, cuidados com os vinhedos, processos de fermentação e curiosidades do mundo do vinho, sempre com a colaboração de um apaixonado por fazer e beber vinhos.

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Barricas de Carvalho

Publicado a(s) 13:53h do dia 07/06/2018

Barricas de carvalho na Villaggio Bassetti

Mais complicado do que cuidar das videiras e das uvas é selecionar as barricas onde serão fermentados ou armazenados os vinhos. Este é o momento de escolher onde colocaremos o resultado de um ano de trabalho. Além dos vinhos que fermentamos nas barricas, outros serão nelas armazenados para que completem seu processo de maturação de forma adequada. Tanto tintos quanto brancos!

Muito utilizadas secularmente para armazenar e transportar vinhos – além de uma grande quantidade de outros produtos, como azeitonas, peixes, frutas, água, cerveja e aguardentes, pois eram os contêineres de antigamente – ficou evidente que alteravam o vinho, tanto nos aromas quanto nos sabores, em muitos casos para melhor.

Isto acontece devido a um processo bastante complexo de micro-oxigenação, que permite uma maturação lenta dos vinhos e que apresenta alterações diferentes quando usamos diferentes madeiras.

Atualmente a madeira mais usada é o carvalho, de origem europeia ou de origem americana. Os de origem europeia vem na grande maioria das vezes da França, sendo nativos daquele país o quercusrobur e o quercuspetraea. Estas variedades podem ser encontradas também na Slavônia- e não Eslovênia! -, Rússia, Polônia e Hungria. Dentro ainda das variedades francesas, as florestas de onde foram colhidas são importantes pelas características que aportam, função do solo e do clima onde cresceram.

O que diferencia estas madeiras são o lento crescimento, formando fibras compactas, de grão mais fino e que aportam aos vinhos características muito peculiares em função da sua idade, origem, secagem e corte. As árvores francesas só podem ser “abatidas” após 150 anos de idade e passam por processo de secagem natural, ao ar livre, por pelo menos dois anos. Estas madeiras são partidas com cunhas e não serradas, para que não rompam as fibras, o que poderia alterar em demasia os vinhos, pela liberação muito rápida de taninos.

Outra madeira muito utilizada é o quercus alba, carvalho de origem norte americana, cujas árvores são derrubadas com cerca de 60 anos. Suas aduelas – ripas que formam as barricas – podem ser serradas, o que melhora o aproveitamento da madeira, em torno de 40%, contra somente 20% de aproveitamento das madeiras provenientes do carvalho francês.

As barricas de 225 litros são conhecidas como barricas bordalesas, usadas na região de Bordeaux, França e são as que utilizamos em nossa vinícola. Já na Borgonha, outra importante região francesa, o volume mais comum é de 228 litros, sendo conhecidas como Pièce. Na Itália se usam barricas enormes, muitas vezes de mais de 5.000 litros, conhecidas como Botte ou Botti no plural, principalmente no Piemonte, onde se elaboram os fantásticos Barolos. Nestes casos, os barris são raspados internamente entre duas utilizações, para retirar os cristais tartáricos e permitir nova tosta manual. Para isto, estes tonéis de carvalho têm uma portinhola por onde é possível passar uma pessoa – muito pequena e magra por sinal – para fazer este trabalho, deveras interessante.

De qualquer maneira, independente da origem e do tamanho da barrica, o uso do carvalho acontece principalmente para micro-oxigenar os vinhos, deixando seus taninos muito mais redondos. Os aportes de aromas e sabores irão variar de acordo com a escolha da barrica e do tempo de permanência. Mas, esta é outra conversa!

Saúde! E bons vinhos...

Barricas de carvalho na Villaggio Bassetti

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