O que tem o vinho

O que tem o vinho

por Eduardo Bassetti

Neste espaço, o vinho é o sujeito principal. Desde a história, até as técnicas atuais de elaboração, os temas aqui tratados passam pelo plantio das uvas, cuidados com os vinhedos, processos de fermentação e curiosidades do mundo do vinho, sempre com a colaboração de um apaixonado por fazer e beber vinhos.

eduardo@villaggiobassetti.com.br

Eli - Pinot Noir Natural

Publicado a(s) 16:09h do dia 19/03/2020

Foto: Villaggio Bassetti Eli / Créditos: Eduardo Bassetti

Em 2011, na primeira safra em que processamos as uvas em nossa própria vinícola, também elaboramos nosso primeiro vinho sem adição de leveduras selecionadas, o Selvaggio Cabernet Sauvignon, ícone desta casta no Brasil, tanto na safra 2011 quanto na de 2012.

O processo de fermentação natural tem apresentado vinhos com muita identidade, com rica expressão varietal, características evidentes de nosso terroir e com um brilho que os diferenciam daqueles fermentados por leveduras selecionadas. Na safra de 2019 elaboramos cinco diferentes vinhos tintos fermentados pelas leveduras nativas: Pinot Noir, Cabernet Sauvignon, Syrah, Sangiovese e Merlot, com o mínimo de interferência enológica.

E,pela primeira vez desde que iniciamos nosso empreendimento, vamos apresentar um vinho tinto sem passagem por barricas de carvalho. A busca pela preservação das características que este Pinot Noir jovem mostrou logo após sua fermentação, nos levou a passar do tanque de aço inox diretamente para as garrafas Borgonha, caracterizada por suas curvas suaves como as nuances do vinho.

Ao provar este vinho recém fermentado, chamou a atenção a limpidez da cor e dos aromas. Cristalino e claro, seu brilho e cor remetem a uma pedra de Topázio polido, com seus reflexos encarnados translúcidos, típico desta delicada variedade. Os aromas remetem a pequenas frutas vermelhas, com uma deliciosa acidez resultado da lenta maturação proporcionada pelas noites frias da altitude da Serra Catarinense. Em boca, entrega exatamente o que promete, não esconde nada, exibe toda a beleza de um vinho puro, direto e franco.

Estes atributos inspiraram a escolha do nome, referência à pessoa que acompanha nosso trabalho desde seu início, e mesmo há muito tempo antes.

Com a Pinot Noir obtivemos 2.500 litros que irão gerar dois vinhos distintos: 2.000 litros do já conhecido Ana Cristina, pela primeira vez fermentado por leveduras nativas e que ainda descansará nas barricas até junho de 2020, e 500 litros que resultaram em 650 garrafas do ELI, sem interferência da madeira e mínima intervenção enológica. Os outros quatro vinhos tintos assim elaborados irão permanecer em barricas entre um e dois anos ainda.

Sempre considerei o estágio em barricas um mal necessário que ajuda a domar os robustos taninos que a lenta maturação dos 1.300 metros de altitude de nossos vinhedos proporciona. Além do custo do tempo, temos nas barricas um dos custos mais importantes, considerando que alguns vinhos ficam até dois anos em maturação. E tem ainda a questão ambiental, pois são abatidas árvores centenárias para construir estes barris que serão usados por poucos anos.

Um vinho tinto, de alto padrão, que está pronto para ser consumido em menos de um ano é o sonho de qualquer produtor e, como a acontece com os vinhos Beaujolais Nouveau, também um motivo para os consumidores, fiéis à casta Pinot Noir, aguardarem ansiosamente cada nova safra.

Saúde! E bons vinhos...

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