O que tem o vinho

O que tem o vinho

por Eduardo Bassetti

Neste espaço, o vinho é o sujeito principal. Desde a história, até as técnicas atuais de elaboração, os temas aqui tratados passam pelo plantio das uvas, cuidados com os vinhedos, processos de fermentação e curiosidades do mundo do vinho, sempre com a colaboração de um apaixonado por fazer e beber vinhos.

eduardo@villaggiobassetti.com.br

Expectativas

Publicado a(s) 15:28h do dia 04/03/2017

Safra 2012, Villaggio Bassetti

Muito falamos sobre as safras! Sempre esperamos a melhor, mas diversos fatores vão moldando o desenvolvimento das uvas até a colheita, quando se transformam em vinho.

Uma safra inicia no final do inverno do ano anterior da sua colheita e o próprio inverno já fornece as primeiras indicações de como serão os próximos meses de trabalho. A quantidade e a qualidade do frio, chuvas nos momentos adequados, calor seco na floração e muita luz do sol para proporcionar a fotossíntese são fatores fundamentais para uma excelente safra.

Temos uma expectativa muito boa para a safra de 2017! Nosso último inverno foi bastante frio e longo, possibilitando para as videiras dormência suficiente para armazenar energia para todo o ciclo. Foi um frio de qualidade, como dizemos por aqui! Mais de 1.200 horas de temperaturas inferiores a 10o Celsius, que proporcionaram também a quebra do ciclo de reprodução de muitos insetos e fungos. Assim se completa o ciclo anterior pós-colheita e se inicia a safra futura.

A primeira atividade da futura safra é a preparação dos vinhedos para serem podados, amarrando os ramos no caso da poda em Guyot e firmando as videiras em seus tutores no caso da poda em cordão esporonado, ou cordão de Royat. (Abordo este tema no artigo “A Poda” publicada em 13 de outubro de 2014).

No ano passado o frio avançou até o início da primavera, mas sem exageros como nos anos de 2013 e 2015, quando geadas negras tardias nos surpreenderam prejudicando muito a brotação e a formação dos cachos. Já neste ano o frio foi saindo lentamente, o calor foi chegando de mansinho, permitindo uma boa brotação e crescimento vegetal equilibrado, gerando quantidade de folhas compatíveis com a quantidade de frutos. As chuvas aconteceram nos momentos adequados e a sanidade das plantas e das uvas está como poucas vezes vimos por aqui, com pouca preocupação com doenças.

A mudança de cor iniciou pelo Pinot Noir, como sempre, lá pelo dia 10 de janeiro, mostrando que a natureza encontrou seu ritmo certo. Mais para o final de janeiro, as temperaturas aumentaram indicando que fevereiro seria mais quente que janeiro, o que de fato aconteceu. O calor veio acompanhado por pancadas de verão, com os sustos comuns nestas tempestades por receio – medo mesmo! - do granizo. Mas até aqui tudo bem, a natureza tem sido boa aliada!

Em função das diversas colheitas que fazemos, sempre em pequenas parcelas, já iniciamos os controles de acidez e açúcares. Faremos a primeira colheita no Pinot Noir, selecionando não os cachos que vamos colher, mas os que vamos deixar para completar a maturação. Os cachos colhidos serão usados na elaboração de vinho rosé e os cachos que forem deixados nas videiras esperarão a maturação ideal para vinho tinto tranquilo.

As previsões do clima nos indicam que a partir da primeira semana de março as temperaturas começarão a diminuir, com redução também das chuvas. Se assim for, teremos o clima ideal para a maturação final de todas as nossas uvas, que nos permitirá elaborar vinhos que podem confirmar se a safra de 2017 será mesmo uma das melhores que já tivemos aqui nestas altitudes.

Mas isto só saberemos depois que o último cacho de uva for colhido!

Saúde! E bons vinhos...

Colheita Cabernet Sauvignon 2011, Villaggio Bassetti

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