Inovação
Publicado a(s) 17:13h do dia 11/08/2020
Inovação é uma palavra inspiradora muito utilizada nos meios empresariais atualmente. Quando se trata de um produto com oito mil anos de história, inovar é um grande risco pois existem conceitos muito difíceis de mudar. Quando falamos em vinhos pensamos em rosés, brancos e tintos, quando falamos em espumantes, pensamos em brancos e rosés, embora existam espumantes tintos em alguns lugares. Mas acredito que ninguém pensava em vinho azul, até inventaram um com esta cor que, felizmente, não deu certo!
Na história do vinho a mais importante e maior inovação foi a adição de leveduras selecionadas para garantir o total processamento dos açúcares presentes nas uvas. Importante lembrar que este processo foi desvendado por Louis Pasteur no final do Século XIX, o que permitiu muitas manipulações e interferências na elaboração dos vinhos a partir desta descoberta.
Quando a inovação é na embalagem ou em parte dela, é mais fácil dar certo em função das tecnologias inovadoras na indústria de embalagens. A lata de alumínio deu certo para refrigerantes e cervejas, mas não deu muito certo para a caipirinha! Será que irá funcionar com os vinhos? Espero que sim, seria talvez o modo mais rápido de popularizar o consumo de vinhos no Brasil dando acesso fácil para muitos potenciais consumidores.
A forma de fechar a garrafa também passa por processos inovadores na tentativa de substituição das rolhas de cortiça, cada vez mais raras, caras e com desempenho muitas vezes problemático. Assim surgiram as rolhas sintéticas sendo que, as que foram produzidas até agora, interferem nos aromas além de impedir a desejável evolução de alguns vinhos. As tampas roscas, conhecidas como screw cap, são uma importante solução e se consolida na utilização para fechamento de garrafas que contém vinhos que devem ser consumidos jovens, preservando características de acidez e frescor com mais eficiências do que a cortiça.
Uma inovação que tem colhido bons frutos - sem trocadilho - é a interferência no ciclo vegetativo da videira, com postergação da colheita para um momento climaticamente mais adequado e que permite a produção de vinhos finos em regiões onde o ciclo natural não permite. Outra inovação é o desenvolvimento das variedades PIWI, abreviatura do termo alemão “pilzwiderstandsfähige” que significa videiras resistentes a variedades fúngicas. E assim caminha a humanidade na busca da novidade!
Aqui na Villaggio Bassetti também inovamos, mas não inventamos! Usamos poda em Guyot, que é bastante tradicional em muitas regiões do mundo, usamos fermentações naturais, o método mais antigo existente para elaboração de vinhos; fermentamos em barris, que é bem tradicional também. São inovações do tipo “Túnel do Tempo”...
Todo empreendedor é inovador por natureza, quer fazer diferente, fazer diferença! Uma região nova estimula a trabalhar com criatividade, plantar novas variedades, apresentar novos vinhos. Estamos próximos de lançar um produto novo, inspirado em conversas de meu avô, que dizia que seu vinho parecia um clarete. Esta conversa sempre me vem à mente e me estimulou a desafiar nossos enólogos a elaborar um vinho inovador, que pudéssemos chamar de clarete e que viesse de encontro à tendência de elaborar vinhos menos alcoólicos, com menos extração, menos madeira, fáceis de beber, agradando a uma gama maior de consumidores, principalmente os iniciantes.
Muito em breve poderei exibir esta novidade!
Saúde! E bons vinhos...