O que tem o vinho

O que tem o vinho

por Eduardo Bassetti

Neste espaço, o vinho é o sujeito principal. Desde a história, até as técnicas atuais de elaboração, os temas aqui tratados passam pelo plantio das uvas, cuidados com os vinhedos, processos de fermentação e curiosidades do mundo do vinho, sempre com a colaboração de um apaixonado por fazer e beber vinhos.

eduardo@villaggiobassetti.com.br

Mais fermentação natural

Publicado a(s) 17:44h do dia 24/05/2019

Vinhedo de Merlot na Villaggio Bassetti. Foto: Eduardo Bassetti.

Com os resultados obtidos com os últimos vinhos elaborados por fermentação espontânea, como o Selvaggio Cabernet Sauvignon e o Sauvignon Blanc Selvaggio D’Manny, em 2019 elaboramos mais vinhos sem adição de leveduras.

Foi uma safra bastante difícil, com períodos de muita chuva, períodos de baixíssima umidade, passando por temperaturas negativas ainda em dezembro. Algumas variedades tiveram baixa produção e no total colhemos 55% da safra 2017, mas 50% a mais do que na safra 2018. Pela primeira vez a Cabernet Sauvignon não foi a última variedade a ser colhida, cabendo este lugar para a novíssima Syrah, em sua segunda safra.

Outra novidade neste ano foi elaborar outras variedades fermentadas em barricas, sem adição de leveduras, unido a elegância do Primiero e do Donna Enny, às exuberantes complexidades da linha Selvaggio. Assim foram elaborados 400 litros de Merlot, 400 litros de Sangiovese e 400 litros de Syrah. Para podermos comparar os diferentes métodos, elaboramos estes vinhos também em tanques de aço inox com adição de leveduras importadas, utilizando o tradicional “pé-de-cuba”, que é a mistura do mosto com as leveduras reativadas. As diferenças já perceptíveis, imediatamente concluídas as fermentações, são dignas de nota tanto na cor, quanto nos aromas e sabores. Os vinhos naturais são mais polidos, límpidos e complexos.

Acreditando que estamos num bom caminho, também elaboramos neste ano o Cabernet Sauvignon e o Pinot Noir sem adição de leveduras, porém em tanques de aço inox, com volumes maiores de uvas. Foram 2.700 kg e 3.500 kg respectivamente. Quer dizer que teremos diversos vinhos selvagens na safra 2019!

No final do ano passado recebemos a visita do italiano Angiolino Maule, presidente da Associação Internacional do Vinho Natural, com sede na Itália, para uma conversa informal com os produtores de Vinhos de Altitude de Santa Catarina. O Vinho Natural tem sido amplamente discutido por produtores de vinho de todo o mundo, numa ampla tendência de elaborar vinhos com menos interferência e mais identidade regional e cultural. Os vinhos assim elaborados iniciam pelo cuidadoso manejo dos vinhedos, evitando o uso de grandes volumes de agrotóxicos, privilegiando os produtos de origem orgânica. Com estes cuidados as leveduras nativas são menos agredidas, criando um ambiente mais propício para o desenvolvimento de comunidades saudáveis destes micro-organismos.

Em nossa experiência iniciada em 2011, já na primeira safra que elaboramos em nossa própria vinícola, pudemos perceber o quão diferente um vinho se expressa em comparação aos processos com adição de leveduras selecionadas. Na conversa que tivemos com o Sr. Angiolino tivemos a certeza de que este é um ótimo caminho a seguir, considerando o juventude da região e nosso pioneirismo de, voltando no tempo e usando métodos ancestrais de vinificação, elaborar vinhos com identidades únicas.

Graças a estas ações, coordenada pelo nosso enólogo Anderson de Césaro, podemos ter a certeza de que em pouco tempo - considerando o tempo do vinho! – iremos exibir estes produtos incomparáveis com os de qualquer outro lugar do mundo. Que assim seja!

Saúde! E bons vinhos...

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