O Primiero
Publicado a(s) 15:55h do dia 29/08/2014
Iniciamos nosso projeto em junho de 2005 com o plantio das primeiras mudas de Merlot e Cabernet Sauvignon. O terreno, que era um pasto onde poucas vacas se alimentavam, foi corrigido, revolvido e alimentado, dando espaço para receber as 4.500 mudas de cada uma destas duas castas bordalesas. Em 2006 plantamos mais 2.250 mudas de Pinot Noir e 2.250 de Sauvignon Blanc. Nossos vinhedos ocupavam seis hectares e cuidamos de cada uma das mudas como se cuida de um jardim ou de uma horta.
Em 2007 o Enólogo Anderson de Césaro veio fazer parte da nossa equipe. Profissional dedicado e perfeccionista, com seu Mestrado em Viticultura trouxe o conhecimento que faltava. Paralelamente às atividades na Villaggio Bassetti, construiu a Vista Montes, uma pequena indústria de suco de uva integral, no distrito de Farias Lemos, município de Bento Gonçalves.
Nossa primeira colheita aconteceu no dia 4 de abril de 2008. Primeiro as uvas Merlot, 15 dias depois as Cabernet Sauvignon. Com vinhedos tão novos, não sabíamos quanto iríamos colher, nem como e aonde fazer o vinho. A sugestão do Anderson foi a resposta: fermentação integral! Em outras palavras, elaborar os vinhos em barricas de carvalho, como nossos antepassados europeus faziam, com a diferença da tecnologia atual. Barricas de carvalho francês novas, assentadas sobre rodízios para facilitar a remontagem e consequente extração dos produtos alojados nas cascas da uva.
Essa primeira colheita foi inesquecível, pela ansiedade, pela curiosidade e pelo desejo de fazer, já na primeira safra, um vinho especial! O teor de açúcar das uvas estava excelente, 25o Brix na média, os engaços estavam escuros, lenhosos, as folhas amarelas, muitas já manchavam o chão de dourado. As sementes se apresentavam marrons, evidenciando a plena maturação, “maturação fenólica”, ensinava o Anderson. Mas o resultado somente poderia ser avaliado após a fermentação alcoólica, retirada das borras, descanso nas barricas, com constante avaliação. Do ponto de vista técnico, os resultados eram promissores, mas a avaliação final só poderia ser feita decorrido o tempo de barrica e outro tanto de evolução nas garrafas.
Somente no final de 2010 pudemos ter certeza de que tínhamos acertado. Nosso vinhedo respondia bem aos tratos e ao clima, as uvas amadureceram sadias, comprovando que as uvas Cabernet Sauvignon podem mostrar todo seu potencial nas altitudes da Serra Catarinense, mesmo com todas as geadas e neves que se estendem até a primavera.
Assim nasceu nosso primeiro vinho, que chamamos de PRIMIERO, em homenagem a Fiera de Primiero, uma pequena comuna trentina da Itália, cujo número de habitantes, naquele momento, era igual ao numero de garrafas obtidas na memorável safra 2008. Apenas 541 garrafas, das quais ainda restam 18, guardadas como nossa mais líquida riqueza.
Saúde! E bons vinhos...