O que tem o vinho

O que tem o vinho

por Eduardo Bassetti

Neste espaço, o vinho é o sujeito principal. Desde a história, até as técnicas atuais de elaboração, os temas aqui tratados passam pelo plantio das uvas, cuidados com os vinhedos, processos de fermentação e curiosidades do mundo do vinho, sempre com a colaboração de um apaixonado por fazer e beber vinhos.

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A visão do vinho

Publicado a(s) 09:16h do dia 12/03/2015

A visão do vinho

Dos cinco sentidos, a visão, o olfato e o paladar são os mais importantes para podermos avaliar e apreciar com mais proveito qualquer vinho. Vamos tratar aqui um pouquinho do que a visão pode nos dizer sobre um vinho...

É com os olhos que temos o primeiro contato ao olhar a garrafa, que pela forma pode indicar o estilo, a região e eventualmente a uva com que o vinho é elaborado. Pode ainda dar informações sobre seu armazenamento. O rótulo intacto, com as cores firmes, sem rasgos, indica um bom armazenamento, ao abrigo da luz, com temperatura adequada. Rótulo desbotado, rasgado, descolando, indica armazenamento com luz direta, em lugar inadequado para preservar as qualidades da bebida.

Também no aspecto visual, a rolha pode nos dar indicações da preservação do vinho. Uma rolha deteriorada, ou que esteja molhada pelo vinho em toda sua extensão ou nas laterais, indica que o vinho vazou, e se o vinho saiu, o ar entrou, e como o ar contém oxigênio, grande chance do vinho estar oxidado.

Servido na taça, a cor pode nos dar mais informações: se é branco, tinto, rose ou laranja - vinho que vem ganhando adeptos recentemente. Diz ainda se é um vinho jovem ou mais evoluído, como atestam os halos cor de tijolo naqueles mais velhos. Também as lágrimas, ou pernas, que vemos escorrer pela taça, podem nos dar indicações sobre o teor alcoólico do vinho. As lágrimas são formadas pela tensão superficial gerada pela evaporação do álcool, ou seja, mais lágrimas mais álcool!

A cor do vinho diz muito sobre sua idade. Muito mais do que os outros sentidos. No limite do tempo, praticamente os vinhos brancos e tintos terão a mesma cor: amarelo ouro, quase laranja! A oxidação dos componentes fará com que o branco ganhe cor e o tinto a perca, deixando-os com cores muito parecidas. Isto fica evidente quando temos oportunidade de apreciar um vinho fortificado, como os Vinhos do Porto, que pode chegar aos 100 anos e ainda ser bastante agradável. Neste caso, fica difícil saber, só pela cor, se é um tinto ou um branco. Certeza mesmo só de que se trata de um vinho muito antigo!

Outro aspecto que podemos avaliar com os olhos é a limpidez. Esta qualidade pode nos levar a conclusões sobre como o vinho foi feito. Se ele é turvo, pode ser que seja muito velho e tenha formado depósitos que se misturaram ao vinho ao manusear a garrafa, ou que não tenha sido filtrado, ou ainda que não foi estabilizado corretamente. Se for límpido, significa que não é um vinho muito antigo, muita vezes sinal de um vinho bem elaborado.

Não vamos esquecer que a visão é só o primeiro contato, a primeira percepção. A partir dela podemos continuar ou parar. Continuar significa cheirar, o próximo – e talvez mais importante sentido na avaliação de um vinho.

Saúde! E bons vinhos...

Confira o primeiro artigo da série Os Sentidos.

Próximo artigo da série, O Cheiro do Vinho.

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